Nos primeiros dias de janeiro de 2025, o volume de transações realizadas pelo Pix apresentou uma queda de 10,9% em comparação ao mesmo período de dezembro, segundo levantamento do Jornal O Globo baseado nos dados do Banco Central (BC). Essa foi a maior redução desde o lançamento do sistema de pagamentos instantâneos, em novembro de 2020. Tradicionalmente, há uma redução sazonal nas transações entre dezembro e janeiro devido ao fim das compras de Natal e ao recebimento do 13º salário. Contudo, a queda registrada agora ultrapassou padrões anteriores, sendo maior do que o observado em janeiro de anos anteriores.
A diminuição ocorre em meio a uma repercussão negativa e desinformações sobre uma nova norma da Receita Federal, que ampliou a fiscalização financeira de pessoas físicas e jurídicas. A Receita esclareceu que a regra visa combater grandes esquemas de sonegação e lavagem de dinheiro, não pequenos contribuintes, e destacou o aumento dos limites para prestação obrigatória de informações financeiras (de R$ 2 mil para R$ 5 mil mensais para pessoas físicas). Não houve mudanças específicas sobre o Pix, e os dados coletados não discriminam a natureza das transações financeiras.
A circulação de fake news gerou temores de que o Pix pudesse ser taxado ou que o sigilo bancário seria comprometido. O BC afirmou que as transações financeiras, incluindo o Pix, estão protegidas por sigilo bancário, um princípio constitucional. Técnicos da instituição, porém, reconhecem a necessidade de combater a desinformação para evitar impactos na credibilidade do sistema e uma possível migração para pagamentos em dinheiro, que dificultam a digitalização do sistema financeiro.
O Pix, desde sua criação, tem se consolidado como o meio de pagamento mais popular do Brasil, com volumes financeiros mensais que alcançam R$ 2,5 trilhões. Apesar da queda recente, o sistema mantém uma tendência de crescimento anual de 30%. Especialistas e técnicos destacam que o principal objetivo da Receita com a nova norma é aprimorar a fiscalização em atividades ilícitas, enquanto protege o contribuinte por meio de cruzamentos mais precisos de informações, reduzindo equívocos como a malha fina.
A reportagem original é de O Globo.