O legado de Luiz Melodia, icônico cantor e compositor da MPB, é revivido no documentário "No Coração do Brasil", lançado nesta quinta-feira (16). Realizado por Alessandra Dorgan e Patrícia Palumbo, o filme reúne depoimentos do próprio Melodia, trechos de entrevistas e apresentações marcantes, além de revelar a trajetória e a essência artística do cantor. Este é o segundo documentário sobre o artista, sucedido por "Todas as Melodias" (2020), que abordou sua carreira de maneira poética.

A produção destaca-se por ter baixo orçamento e um impacto considerável, com prêmios em festivais como É Tudo Verdade e In-Edit Brasil. Sem depoimentos externos, o filme aposta em imagens de arquivo e na própria voz de Melodia para narrar sua história. Entre os materiais inéditos, estão filmes em super-8 e registros pessoais que retratam momentos íntimos e shows.

Jane Reis, viúva e companheira de Melodia, é uma figura central no resgate do legado do artista. Ela organizou arquivos pessoais contendo poemas, fitas de gravação e rascunhos de letras para novos projetos. Segundo Jane, Melodia era um perfeccionista que frequentemente descartava seu trabalho, e ela recolhia os materiais, acreditando em seu valor. Além de colaborar com o documentário, Jane tem planos para lançar álbuns e compilações com esses materiais inéditos.

O documentário revela também a personalidade de Melodia: um homem gentil, elegante e visionário, que enfrentou desafios e incompreensões em sua carreira. Patrícia Palumbo, uma das diretoras, enfatiza que sua poesia marginal e autenticidade o destacaram na cena artística. Já Alessandra Dorgan aponta a força de um jovem sonhador que superou barreiras para brilhar por mais de 40 anos.

Melodia, que saiu do Morro do Estácio para se tornar um dos maiores nomes da MPB, simboliza o poder transformador da arte e da cultura. Sua história inspira uma reflexão sobre o impacto da educação e da arte na mobilidade social e na valorização de talentos genuínos.

O filme "No Coração do Brasil" celebra a obra e a vida de Luiz Melodia, reforçando seu lugar único na música brasileira e resgatando sua relevância cultural para novas gerações.

Fonte: Jornal O Globo